PEDAGOGIA DO AFETO (?)

        A RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS SEGUNDO A VISÃO DOS MESMOS


(...)O bom relacionamento na sala de aula é quase sempre tão importante quanto a
variedade de métodos e recursos instrucionais utilizados. Podemos sentir que o
relacionamento entre os elementos de uma classe é bom quando vemos os alunos
alegres, bem humorados e seguros enquanto desenvolvem as atividades de
aprendizagem.(...)

Fonte: I Telecongresso Internacional de Educação de Jovens e Adultos - Brasília 21 a 23 de novembro de 2001
Educação Básica e Educação Continuada: Formando Competências para um Mundo em Mudanças

  Apesar de ter tentado realizar esta postagem no início de junho, acredito que o passar do tempo  me trouxe  material suficiente para hoje, enfim ,  finalizá-la. No último dia do meu estágio (28/06) reuni os alunos da EJA na segunda parte de nosso encontro , para um lanche especial. Não chamei de despedida, porque acho isto muito definitivo. Convidei as três alunas que avançaram para a T2, depois do Conselho de Classe . Uma delas , muito emocionada me abraçou fortemente e agradeceu pelo trabalho desenvolvido ao longo de abril, maio e junho. Dei à cada aluno , para ser colada no caderno, a mesma imagem que utilizei  na postagem PERMISSÃO PARA UM ABRAÇO MUITO SIGNIFICATIVO e que reutilizo aqui. Expliquei que esta imagem ilustra o que penso sobre tudo o que vi , aprendi e ouvi neste período em que estive com eles. Aprendi que vale a pena ter objetivos sim, não importa a idade, que é muito importante o papel do professor na caminhada do aluno adulto que pode ter passado a vida criando códigos próprios para poder dar conta do seu dia a dia,sem a leitura e a escrita formais, que o afeto faz toda a diferença para pessoas que aos 26, 30 , 60 anos percebem que podem contar com a pessoa que se torna sua referência no espaço da sala de aula e o que julgo mais importante para eles: deixarem-se abraçar pela pelo universo das letras , pela leitura , pelo escola apesar das dificuldades. O aluno adulto desiste muito facilmente diante de qualquer obstáculo. O estímulo tem que ser  o alicerce deste trabalho para que a escola se torne interessante depois de um dia de trabalho intenso e de anos longe da escola.
A  aluna inicialmente emocionada, relatou que sabia da importância de avançar na escola e que este é o seu objetivo, mas que não podia dizer que estava realmente feliz na outra turma. Questionada, disse que no outro grupo falta a amizade, a união e o carinho que existia na turma T1. Também disse: "As aulas lá não são divertidas como aqui, um senta longe do outro, fica cada um na sua. A professora é bacana , querida mas não carinhosa como a senhora e a professora referência."
Tanto eu quanto a professora referência desafiamos este grupo (porque as outras duas se encorajaram a  falar também, trazendo os mesmos aspectos) a modificar este contexto, a partir do que vivenciaram na turma anterior e também que a vida escolar , como  a pessoal, sempre passa por mudanças e que as pessoas são diferentes...apenas diferentes.
Relatos como este reforçam minha idéia de que precisamos enxergar o indivíduo que está ali , na cadeira , esperando por um "empurrão" para mostrar a que veio , para  tornar-se protagonista na sua passagem pela escola. Enxergando o indivíduo, percebemos que um " bom te ver hoje", "seja bem vindo", "senti tua falta ontem", "adorei seu trabalho" entre outros podem mudar a idéia de escola para o aluno, em qualquer idade, mas na idade adulta  o efeito ganha uma outra dimensão!