Friday, August 15, 2008

CANSEI DE SER ADULTO


Cansei de ser ADULTO...
Quero volta a ser CRIANÇA!!!
EU ME DEMITO!

Venho por meio desta, apresentar oficialmente
meu pedido de demissão da categoria dos adultos.

Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades
e as idéias de uma criança de oito anos, no máximo.

Quero acreditar que o mundo é justo, e que todas
as pessoas são honestas e boas.

Quero acreditar que tudo é possível.

Quero que as complexidades da vida passem
desapercebidas por mim, e quero ficar encantado
com as pequenas maravilhas deste mundo.

Quero de volta uma vida simples e sem complicações.

Estou cansado de dias cheios de computadores
que falham, montanhas de papelada, notícias
deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças,
e a necessidade de atribuir um valor monetário
a tudo que existe.

Não quero mais ter de inventar jeitos para fazer
o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento.

Não quero mais ser obrigado a dizer adeus a pessoas
queridas e, com elas, a uma parte da minha vida.

Quero ajoelhar aos pés da cama todasas noites e
chamar ao Deus Todo-Poderoso de Papai do Céu.

Quero ter a certeza de que Ele está mesmo no céu,
e de que, por isso, tudo está direitinho neste mundo.

Quero ir à pizzaria da esquina, e achar bem melhor
do que um restaurante cinco estrelas.

Quero viajar ao redor do mundo no barquinho de papel
que vou navegar numa poça deixada pela chuva.

Quero jogar pedrinhas n'água e ter tempo para olhar
as ondas que elas formam.

Quero achar que as moedas de chocolate são melhores
do que as de verdade, porque podemos comê-las e ficar
com a cara toda lambuzada.

Quero ficar feliz quando amadurece o primeiro caju,
a primeira goiaba ou a primeira manga, quando a
jabuticabeira fica pretinha de fruta.

Quero poder passar as tardes de verão à sombra de
uma árvore, construindo castelos no ar e dividindo-os
com meus amigos.

Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as
melhores coisas da vida.

Quero que as maiores competições em que eu tenha
de entrar sejam um jogo de bolas gude ou uma pelada...

Eu quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia
era o nome das cores, as cantigas de roda, a Batatinha
quando nasce e isso não me incomodava nadinha,
porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas
eu ainda não sabia...

Voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque
se vive na bendita ignorância da existência de coisas que
podem nos preocupar e aborrecer.

Eu quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, dos
agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz,
dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia.

E o que é mais: quero estar convencido de que tudo isso
vale muito mais do que o dinheiro!

Por isso, tomem aqui as chaves do carro, a lista do
supermercado, as receitas do médico, o talão de cheques,
os cartões de crédito, o contracheque, os crachás de identificação,
o pacotão de contas a pagar, a declaração do imposto de renda,
a declaração de bens, as senhas do meu computador e das
contas no banco, e resolvam as coisas do jeito que quiserem.

A partir de hoje, isso é com vocês,
porque eu estou me demitindo da vida de adulto.

Nota:
Texto por Maria Clara Isoldi Whyte.

2 comments:

Neusa said...

Olá Luciene,
Ao ler o teu texto fiquei pensando de como o ser humano um ser insatisfeito por natureza. Enfim se faz parte da natureza humana, que se viva com isto.
Um beijo e bom fim de semana!

Mário Augusto said...

Luciene, muito legal este texto. Sabes que ando ouvindo muita música da época em que era adolescente e tinha minha banda de rock. Naquela época eu não gostava muito de rock nacional, gostava da bandas de rock gaúcho, mas hoje já adulto percebo o quanto perdi, principalmente porque não gostava de Legião Urbana. Hoje estou montando um repertório só de Legião. Apesar de adulto, estou muito ligado ao meu passado em função da música. Gosto de coisas novas, mas ainda cultuo a música com conteúdo e ao mesmo tempo irreverente dos adolescentes. Ser adulto não é tão ruim assim, principalmente quando conseguimos dedicar tempo para nós mesmos. Até mais!